quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cadela adota filhote de jaguatirica

Uma cadela adotou um filhote de jaguatirica, encontrado na última quinta-feira, no canavial da fazenda Aroeira do Salto, no município de Lucélia, 586 km de São Paulo.

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A cadela de um ano, chamada de Holly, adotou o pequeno animal e passou a amamentá-lo com o leite que deveria ir para sua primeira cria, três filhotes nascidos mortos há 15 dias.

Não demorou para Holly se aproximar do filhote. “Foi amor à primeira vista. Acho que ela substituiu os cãezinhos nascidos mortos”, conta Benta Alves de Souza, 42 anos, mulher do encarregado da fazenda. Ela passou a chamar a jaguatirica de Nina, apelido que mudou para Nino, depois que descobriu ser um macho.

“Já no primeiro dia, Nino passou a mamar na Holly”, conta Benta. “Essa oncinha é tudo na vida dela. Agora ela está mais alegre, mais calma e brincalhona”, emenda o marido Arnaldo de Souza, 38 anos, que encontrou o exemplar. Não é para menos, Holy fecha os olhos enquanto Nino mama em suas tetas e luta para ficar agarrado à barriga da cadela. Vez ou outra, Holly lambe Nino que, depois de mamar, se deita debaixo do pescoço da cadela, que volta a adormecer.

“Eu estava levando óleo para a colheitadeira e quando percebi, de cima do trator, esse bichinho estava ali, no pé do canavial”, contou Arnaldo. “Fiquei com medo; primeiro olhei se a mãe não estava por perto, depois o peguei e o trouxe para casa. Afinal, se eu o deixasse ali, certamente ele iria morrer”.

Mas Holly está ficando sem leite, por isso, Benta decidiu amamentar a oncinha com leite de vaca. “É só um suplemento”, ela avisa. Mas nem mesmo assim, Holly dá sossego. Enquanto Benta dá de mamar para Nino, a cadela fica ao lado; observa e tenta lamber o filhote adotado.

Segundo Arnaldo, o casal deverá fazer um contato nesta terça-feira com um zoológico ou Polícia Ambiental para entregar o filhote de Jaguatirica, mas, preocupado com a possível volta da solidão de Holly, encomendou dois filhotes de cachorrinhos para quando Nino for embora. “Vai amenizar a tristeza dela”, contam Benta e Arnaldo.

“Acho que esse filhote ficou porque a mãe devia estar para parir e não teve tempo. Deve ter levado alguns filhotes e este se perdeu, ou a mãe não teve tempo de vir buscá-lo”, disse. “Até pensei em deixá-lo lá por algum tempo, lá no canavial, e me esconder, mas tive medo dele não agüentar e morrer”.

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O casal mora na fazenda há cinco anos e nunca viu nenhuma onça, mas Arnaldo diz ser comum encontrar rastros de felinos. “Eles não atacam as criações porque há muitas capivaras, porcos do mato, catetos e Javalis por aqui”, conta.

A fazenda onde o filhote foi encontrado fica próxima às matas ciliares do rio Aguapeí e ao parque estadual do mesmo nome, no extremo Noroeste de São Paulo. Criado em 1998, o parque é uma reserva de florestas de transição de Cerrado e Mata Atlântica e possui vegetação semelhante ao do Pantanal mato-grossense, sendo chamado por isso de Pantanal Paulista.

A região, que é um dos últimos habitats de diversas espécies de animais no interior de São Paulo, como onças pintadas, é também é o único habitat no estado onde o cervo do pantanal, que está em extinção, vive à solta. Mas a expansão das plantações de cana e das criações de gado ameaça o santuário, que também enfrenta os ataques dos caçadores e dos traficantes de animais silvestres.

Fonte: Terra Notícias
 

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